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sábado, 12 de julho de 2008

AV - BA ANOTAÇÕES de av(NUVEM BRANCA-4) a av(NUVEM BRANCO-3)

O Julgamento de Israel Dammon - Foi a descoberta adventista histórica do século. No entanto, alguns dirigentes adventistas provavelmente desejariam que oxalá o descobrimento jamais fosse feito. Em março de 1986, Bruce Weaver, estudante de pós-graduação do Seminário da Universidade Andrews, descobriu um informe jornalístico acerca da detenção e julgamento de Israel Dammon, um dos amigos de Ellen White. O que Weaver descobriu resultaria num chocante informe que abriria os olhos dos devotos de Ellen White.Bruce descobriu que o informe do periódico diferia amplamente da versão da Sra. White.


Julgamento de Isarael Dammon
(CONTINUAÇÃO DE av)

avNUVEM - ADVENTISTAS - N.branca4 - O Julgamento de Israel Dammon - Foi a descoberta adventista histórica do século. No entanto, alguns dirigentes adventistas provavelmente desejariam que oxalá o descobrimento jamais fosse feito. Em março de 1986, Bruce Weaver, estudante de pós-graduação do Seminário da Universidade Andrews, descobriu um informe jornalístico acerca da detenção e julgamento de Israel Dammon, um dos amigos de Ellen White. O que Weaver descobriu resultaria num chocante informe que abriria os olhos dos devotos de Ellen White.Bruce descobriu que o informe do periódico diferia amplamente da versão da Sra. White. Por que a diferença? Para compreender isso, devemos viajar no tempo e remontar ao ano de 1845.Apenas alguns meses se passaram desde o grande Desapontamento. A confusão religiosa, o fanatismo, e as emoções são abundantes entre os mileritas. Os serviços religiosos entre os adventistas têm lugar quase exclusivamente em lares privados. Tipicamente, as reuniões incluem fenômenos tais como "o ósculo ‘santo’ de saudação, gritos e cantos em voz alta, postrações físicas, lavapés mistos, batismos múltiplos por imersão, estranhas demonstrações de humildade voluntária (arrastar-se, latidos), e as apresentações de uns poucos visionários (a maioria mulheres)."53No sábado, 16 de fevereiro, Ellen Harmon chega à cidade, procedente de uma reunião em Exeter, Maine, onde suas visões ajudaram a convencer a Irmã Durben de que aceitasse a doutrina da porta fechada. Nessa animada tarde de sábado, está tendo lugar uma reunião de crentes adventistas na casa de Ayer em Atkinson, Maine. A reunião é dirigida pelo antigo capitão de mar Israel Dammon, e tem como atração principal as visionárias senhoritas Dorinda Baker e Ellen Harmon. O Pr. Tiago White também está ali. Talvez uma das mais vívidas descrições da reunião procede de William Crosby, um advogado de 37 anos que a descreveu no tribunal dois dias mais tarde."Às vezes falavam todos de uma vez, gritando a todo pulmão.... uma mulher jazia de costas no solo, com uma almofada sob a cabeça; de quando em quando se levantava, e contava uma visão que lhe havia sido revelada... Foi a reunião mais ruidosa a que jamais assisti – não havia ordem nem regularidade, nem nada que se parecesse com alguma outra reunião que eu tivesse freqüentado... "54O diácono Tiago Rowe acrescentou seu próprio testemunho em relação com a caótica reunião:"Estava na casa de Ayer por um pouco no domingo passado à noite ... Fui jovem, e agora sou velho, e em todos os lugares em que estive, nunca vi tal confusão, nem sequer numa farra de bêbados."55As visionárias eram parte importante do culto naquela noite. Loton Lambert, uma testemunha da reunião, deu o seguinte testemunho juramentado no tribunal:"Estavam cantando quando eu cheguei – depois de cantar sentaram-se no solo – Dammon disse que uma irmã tinha uma visão para contar – então uma mulher no solo relatou sua visão. Dammon disse que todas as denominações eram de ímpios – mentirosos, libertinos, assassinos, etc.; também criticou a todos os que não eram crentes como ele. Ordenou que saíssemos. Ficamos. Dammon e outros chamavam Imitação de Cristo à mulher que jazia no solo relatando visões. Dammon nos chamou de porcos e diabos, e disse que se fosse o dono da casa nos expulsaria – a mulher a quem chamavam Imitação de Cristo disse à Sra. Woodbury e a outros que deviam abandonar todos os seus amigos ou ir para o inferno. Imitação de Cristo, como a chamavam, permanecia no solo um pouco, depois se erguia, chamava a alguém, e dizia que tinha uma visão que contar-lhe, o que então fazia. Havia uma garota que diziam dever ser batizada naquela noite ou iria para o inferno. Ela chorava amargamente, e queria ver primeiro a mãe; disseram-lhe que tinha que abandonar sua mãe ou iria para o inferno – uma voz disse: Deixem que se vá para o inferno. Ela finalmente foi batizada. Imitação de Cristo contou sua visão a uma prima minha, de que devia ser batizada naquela noite ou iria para o inferno – ela objetou porque já havia sido batizada uma vez. Diziam que Imitação de Cristo era uma mulher de Portland."56Mais tarde, o dono da casa, Tiago Ayer, confirmou ante o tribunal que a visionária a quem Lambert se referia como "Imitação de Cristo" não era outra senão Ellen Harmon."Vi a mulher com uma almofada sob a cabeça – o seu nome é Srta. Ellen Harmon, de Portland. Não a ouvi nem a qualquer outra pessoa dizer algo acerca de Imitação de Cristo."57Como Ellen Harmon, a outra visionária presente, Dorinda Baker, tinha uma saúde muito precária. A testemunha Joshua Burnham a descreve perante o tribunal:"Conheço a Srta. Dorinda Baker desde que ela tinha cinco anos – tem bom caráter – agora tem vinte e três ou vinte e quatro anos de idade. É uma moça muito doentia, seu pai gastou U$1.000 com médicos. Eu estive na reunião do sábado à noite – foi convocada para que a jovem contasse suas visões."58A reunião causou tal alvoroço civil na vizinhança que finalmente alguém chamou as autoridades para que a interrompessem. A Sra. White dá sua versão do que sucedeu quando o delegado chegou para deter a Dammon:"... enquanto eu falava, dois homens espiavam pela janela. Estávamos seguros de suas intenções. Entraram e passaram rapidamente a meu lado até alcançar o Ancião Damman [sic]. o Espírito do Senhor posou sobre ele, e sua força desapareceu, e caiu ao solo indefeso. O oficial exclamou: ‘Em nome do estado do Maine, agarrem este homem!’ Dois homens o agarraram pelos braços, e outros dois pelos pés, e tentaram tirá-lo da habitação arrastado. Só o moveram uns poucos centímetros e logo saíram da casa. O poder de Deus estava nessa habitação, e os servos de Deus, com seus semblantes iluminados por sua glória, não ofereciam resistência. Os esforços para tirar o Ancião D. se repetiam com o mesmo resultado. Os homens não podiam suportar o poder de Deus, e era um alívio para eles sair da casa. O número deles aumentou até doze, e ainda o Ancião D. foi retido pelo poder de Deus por uns quarenta minutos, e nem sequer toda a força daqueles homens podia movê-lo do piso onde jazia indefeso. No mesmo momento, todos sentimos que o Ancião D. tinha que ir-se, que Deus havia manifestado seu poder para sua glória, e que o nome do Senhor seria glorificado mais se deixássemos que fosse levado dentre nós. E aqueles homens o levantaram tão facilmente como se levanta uma criança, e o levaram."59Apesar de ser muito inspiradora a descrição do ocorrido por parte da Sra. White, indicando uma profunda e impresionante intervenção sobrenatural, seu relato difere amplamente daquele das testemunhas ante o tribunal, como aparece no periódico Piscataquis Farmer. Joseph Moulton, o delegado encarregado de prender Dammon, descreve a detenção num testemunho juramentado perante o tribunal:"Quando fui prender o prisioneiro, fecharam-me a porta. Vendo que não podia alcançá-lo desde fora, forcei a porta. Cheguei até onde estava o prisioneiro, o tomei pela mão, e lhe informei a que viera. Várias mulheres saltaram e o rodearam – elas se agarraram a ele, e ele a elas. Tão grande foi a resistência que eu e três ajudantes não pudemos tirá-lo. Permaneci na casa e pedi mais ajuda; depois que esta chegou, fizemos uma segunda tentativa, com o mesmo resultado – novamente pedi reforço – depois que chegou, os vencemos e o tiramos detido. Tanto os homens como as mulheres ofereceram resistência. Não posso descrever o lugar - era uma gritaria constante."60O testemunho juramentado de Moulton indica claramente que foram a mulheres e os homens que saltaram para ajudar a Dammon e o retiveram – não o poder de Deus – o que ajudou Dammon a resistir à detenção provisória. É interesante notar que nenhum dos outros trinta ou mais testemunhas durante o julgamento contradisse o testemunho de Moulton acerca de que as mulheres e os homens ajudaram Dammon a resistir à detenção. Esta importante contradição na versão da Sra. White lança dúvidas sobre a integridade do que escreveu. Bruce Weaver explica quão absurdo é supor que o delegado fosse valente o bastante, ou temerário o bastante, para tentar combater contra forças sobrenaturais para prender Dammon:"Na realidade, se doze homens tentaram fortemente e sem êxito mover um indivíduo que estava prostrado, mas não tendo nenhum outro impedimento, e se houvesse na habitação uma aura poderosa, porém invisível, a ponto de ser ‘um alívio para eles sair apressadamente da casa’ de quando em quando, homens normais se teriam assustado (ou convertido) o suficiente com a experiência para abandonar a missão muito antes de que transcorressem quarenta minutos."61Depois de passar o fim de semana no cárcere, Dammon compareceu a juízo na segunda-feira. A Sra. White reenceta a história de Dammon no julgamento:"Na hora do julgamento, o Ancião D. estava presente. Um advogado ofereceu seus serviços. A acusação contra o Ancião D. era de que havia alterado a ordem. Muitas testemunhas foram trazidas para sustentar a acusação, mas em seguida seus testemunhos foram desmentidos pelos dos conhecidos do Ancião D. que estavam presentes e que também foram chamados a depor. Havia muita curiosidade por saber no que criam o Ancião D. e seus amigos, e se lhes pediu para apresentar um resumo de sua fé. Então ele lhes falou em tom claro de sua crença a partir das Escrituras. Também sugeriu-se que cantassem algum de seus hinos, e a ele foi pedido que cantasse um. Havia um bom número de vigorosos irmãos presentes que o haviam apoiado durante o julgamento, e o acompanharam a cantar ‘When I was down in Egypt´s land, I heard my Savior was at hand.’ [Quando eu estava na terra do Egito, ouvi que meu Salvador estava perto]."Foi indagado ao Ancião D. se tinha uma esposa espiritual. Ele respondeu que tinha uma esposa legal, e que podia dar graças a Deus de que ela havia sido uma mulher muito espiritual desde que a havia conhecido. Creio que as custas do processo lhe foram cobradas e foi posto em liberdade."62O periódico Piscataquis Farmer tinha uma versão do processo um pouco diferente. De acordo com o periódico, foi Dammon que "pediu permissão" para cantar. Durante a etapa de sentença do juízo, foi permitido a Dammon falar em sua defesa:"Ele [Dammon] argumentou que o dia de graça havia passado, que o número de crentes era reduzido, mas que havia muitos ainda, e que o fim do mundo se daria dentro de uma semana. Depois de consultar, o tribunal sentenciou ao prisioneiro passar dez dias na Casa de Correção..."63O relato da Sra. White da defesa de Dammon não mencionava que ele usou a "porta fechada" e o iminente regresso de Cristo como parte de sua defesa. Aparentemente, o tribunal não se impressionou com essas crenças extravagantes, e sentenciou Dammon a passar um tempo no cárcere.Uma das facetas mais interessantes do relato da Sra. White é o que ela deixou fora. Nada disse acerca da gritaria, das prostrações físicas, das demonstrações de humildade voluntária (arrastar-se, latidos). Aparentemente, estas estavam presentes em muitas das primeiras reuniões adventistas. Lucinda Burdick observou essas atividades fanáticas em reuniões a que assistia com os White:"Quando os conheci pela primeira vez [Ellen e Tiago White], eram exageradamente fanáticos – costumavam sentar-se no solo em vez de em cadeiras, engatinhar pelo piso como criancinhas. Tais extravagâncias eram consideradas sinais de humildade."64O propósito dessa atividade de engatinhar não era só para demostrar humildade. John Doore testificou no tribunal que havia "visto homens e mulheres engatinhar pelo solo sobre mãos e pés." George S. Woodbury disse: "Minha esposa e Dammon passaram pelo piso engatinhando sobre mãos e pés."Bruce Weaver explica como se praticava essa atividade entre os primeiros adventistas:"Um correspondente do Norway Advertiser oferece uma descrição do engatinhar que teve lugar na casa do capitão John Megquier em Poland, Maine: ‘Raras vezes se sentam em qualquer posição que não seja sobre o piso desnudo.... na reunião a que ele assistiu, uma mulher se pôs sobre as mãos e pés, e engatinhou por todo o piso como uma criança. Um homem, na mesma posição, a seguiu, chocando-se cabeça com cabeça várias vezes. Outro homem se estendeu de costas sobre a cama em toda sua extensão, e três mulheres o cruzaram com seus corpos."65Pelos idos de 1894, a Sra. White parece ter mudado de posição quanto às inusitadas atividades praticadas pelos primeiros adventistas:"Cada parte do serviço de Cristo se caraterizará pelo decoro e a reverência. A verdade de Cristo não pode limitar-se a um certo âmbito, mas será ativa na criação do ambiente, da conduta, dos hábitos, e das práticas que estarão em harmonia com seu Autor. Tudo se fará decentemente e com ordem. Os métodos descontrolados, os caprichos estranhos, e a confusão não estão autorizados pelo Deus de ordem."66Pode-se certamente pôr em dúvida se as atividades na casa de Dammon estavam "autorizadas pelo Deus de ordem." Outra atividade que a Sra. White não menciona é gritar e cantar em voz alta. De acordo com o testemunho no tribunal por parte do adventista Joel Doore, "o ruído de um sábado pela tarde não é nem a décima parte do que há geralmente nas reuniões a que que assisto."67 É evidente que, no princípio de sua carreira, à Sra. White parecia que gritar era um método eficaz para lutar contra o diabo. Em 1850, escreveu: "Vi que cantar amiúde afasta o inimigo, e gritar o faz retroceder."68 Por volta de 1900, contudo, a Sra. White parecia haver adotado um ponto de vista diferente acerca das reuniões ruidosas:"Dou meu testemuho, declarando que esses movimentos fanáticos, esse barulho e confusão, foram inspirados pelo espírito de Satanás, que estava operando milagres para enganar, se possível, os própios escolhidos."69O relato da Sra. White acerca da detenção e julgamento de Dammon foi publicado em 1860 no livro Spiritual Gifts. Quando esse livro tornou a ser publicado em 1877 com o título de Spirit of Prophecy, o incidente Dammon havia desaparecido. Como muitos de seus primeiros escritos, esta história simplemente desapareceu sem nenhuma explicação. Talvez foi a publicação em 1874 do livro World Crisis pelo antigo ministro adventista Isaac Wellcome o que influenciou na decisão de deixar que a história desaparecesse. Em World Crisis, um Israel Dammon reformado conta sua relação com os White. Explica como perdeu a fé em Ellen White pelo final de 1846 e abandonou sua crença na porta fechada:"Estivemos relacionados com o Sr. e a Sra. White, e por um tempo tivemos confiança nas visões dela, mas por muitos anos não a temos tido em absoluto. Quando vimos que se contradiziam entre si, renunciamos a elas por completo, e nos aplicamos à Palavra de Deus."Passaram-se vinte anos ou mais desde que estivemos associados com a Sra. White. Recordamos perfeitamente, porém, que suas primeiras visões ou sua primeira visão foi contada tanto por ela mesma como por outros (especialmente pela Sra. White) em relação com a prédica da ‘porta fechada,’ e a fomos respaldar. Enquanto estava sob essa influência, e pregando as visões, ela, em visão, viu N. G. Reed e I. Dammon em estado imortal, coroados, no reino. Depois disso, ela os viu finalmente perdidos. Como podiam ser verdade as duas coisas? Penso que uma era tão verdade quanto a outra, e que Deus nunca lhe disse tal coisa."70Talvez foi melhor que a história de Dammon desaparecesse. Seria difícil explicar como a Sra. White viu a Dammon no céu e mais tarde o viu perdido. Manter a história de Dammon impressa poderia dar lugar a demasiadas perguntas espinhosas. Pelo fim do século dezenove, havia se tornado uma ocorrência demasiado freqüente que os primeiros escritos questionáveis da Sra. White desaparecessem de edições posteriores das mesmas obras. Não era tão provável que uma comunidade religiosa mais e mais educada e diversa se impresionasse com um relato tão fantástico como o de Israel Dammon.O fato de a versão da história pela Sra. White, com sua dramática descrição de manifestações sobrenaturais, diferir tão amplamente do relato feito ao tribunal dois dias mais tarde por 30 testemunhas, põe em dúvida as outras histórias sobrenaturais que circulam entre os adventistas. Há narrações de que a Sra. White susteve no ar uma pesada Biblia enquanto estava em visão, sem respirar por horas, e outros incidentes incomuns. A. G. Daniells, presidente da Associação Geral dos adventistas do Sétimo Dia, que conheceu a Sra. White por mais de quarenta anos, observa o seguinte sobre essas histórias durante a conferência de 1919 sobre o Espírito de Profecia:"Por exemplo, tenho ouvido alguns ministros pregar, e vi isso por escrito, que a Irmã White uma vez sustentou uma pesada Bíblia – creio que disseram que pesava 40 libras – com a mão estendida, e, olhando ao céu, citava textos e virava as páginas e indicava os textos, com o olhar dirigido ao céu. Não sei se isso se deu algum vez o não. Não estou seguro. Não o vi, e não sei se alguma vez falei com alguém que o tivesse visto. Contudo, irmãos, não considero esse tipo de coisa como uma grande prova. Não creio que esse seja o melhor tipo de evidência. Se eu fosse um desconhecido em um auditório, e ouvisse um pregador explicando isso, teria minhas dúvidas. Ou seja, eu desejaria saber se ele havia visto isso. E ele teria que dizer: Não, nunca. Então lhe perguntaria: ‘Viu alguma vez o homem que o viu?’ E ele teria que responder: ‘Não, nunca.’ Bem , quanto disso é genuíno, e quanto se introduziu na história?’ Não sei. Mas não creio que esse é o tipo de prova que queremos usar. Já se passou muito tempo desde que eu levantei este tipo de coisas, que não respirava, e que tinha os olhos muito abertos."Em 1919, era evidente que os dirigentes adventistas estavam prontos para enterrar as caprichosas historietas dos primeiros dias no cemitério do passado. Não só desapareceram de seus escritos as fantásticas histórias, como livros inteiros começaram a desaparecer pelo final do século dezenove....

avNUVEM BRANCA - N.branca5 - Reforma de Saúde ou Mito de Saúde - Na década de 1860, a Sra. White se interessou profundamente pela reforma pró-saúde. Antes disso, havia manifestado um interesse limitado pelo assunto. Outros adventistas haviam mostrado interesse, mas a profetisa de Deus ainda não via sua importância. Na década de 1850, um casal adventista, Sr. e Sra. Curtis, começou a eba - batismostudar a questão das carnes imundas e chegaram à conclusão de que comer carnes imundas era errado. A Sra. Curtis queria deixar de comer carne de porco, mas aparentemente pensou que seria prudente consultar primeiro a profetisa de Deus. A Sra. White respondeu ao casal com um mordaz testemunho de seis páginas. Eis aqui parte do que escreveu:"Se Deus requer que seu povo se abstenha da carne de porco, Ele o convencerá disso. Ele está tão disposto a revelar a seus honestos filhos qual é o seu dever quanto a mostrar a indivíduos sobre os quais não depositou o encargo de sua obra qual é o deles. Se é dever da igreja abster-se da carne de porco, Deus o revelará para mais de dois o três. Ele ensinará a sua igreja qual é o seu dever."71O açoite como que a Sra. White tratou a família Curtis leva a especular que ela não era muito inclinada à idéia de que as pessoas chegassem primeiro a suas próprias conclusões teológicas sem a aprovação de Tiago e dela mesma. Isto era insubordinação e teriam que enfrentá-la. Além disso, a Sra. White pensava que seu esposo havia resolvido a questão para sempre alguns anos antes quando publicou um artigo sobre o tema em Present Truth:"Alguns de nossos bons irmãos acrescentaram a ‘carne de porco’ à lista de coisas proIbidas pelo Espírito Santo e pelos apóstolos e Anciãos reunidos em Jerusalém. Mas nós nos sentimos chamados a protestar contra essa decisão, por ser contrária ao claro ensino das Sagradas Escrituras. Poremos sobre os discípulos uma ‘carga’ maior do que pareceu bem ao Espírito Santo e aos santos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo? Deus não o permita. A decisão deles, sendo correta, decidiu a questão para eles, e foi causa de regozijo entre as igrejas, e deveria decidir a questão para nós para sempre."72Quando Tiago disse "nós nos sentimos chamados a protestar contra esta decisão," o "nós" ao que se referia deve ter incluído sua esposa, a profetisa de Deus. Por isso, os White devem ter-se sentido agravados de que alguns de seus seguidores tenham levantado o tema novamente depois de Tiago ter decidido a questão "para sempre."Um amigo da família Curtis, H. E. Carver, nos conduz aos bastidores e explica o que sucedeu:O irmão e a irmã Curtis se contam entre meus amigos mais íntimos por muitos anos, e como vivemos ao lado um do outro parte do tempo, eu conhecia algumas das circunstâncias relacionadas com as instruções da visão dada mais acima. A irmã Curtis era uma mulher muito concienciosa, e tendo-se convencido (muito antes de que o Ancião e a Sra. White fizessem qualquer movimento nesse sentido) de que comer carne de porco era prejudicial, tratou de descartá-la de sua mesa. Isto causou problemas. A irmã Curtis era uma sincera crente na inspiração divina da Sra. White, e pelo extrato [testemunho] que aparece mais acima, parece que deve ter-lhe escrito pedindo instruções, que recebeu como se descreve mais acima, e professamente por meio de uma visão.... o Irmão Curtis disse também que o Pr. White havia escrito em essência o seguinte na parte posterior da carta: ‘Para que saiba nossa posição em relação com esta questão, eu diria que acabamos de consumir um leitão de 200 libras.’"73Certamente, teria sido difícil para os White estar de acordo com a família Curtis quando os White acabavam de devorar um leitão de 200 libras! Se os Curtis aceitaram ou não esse testemunho, provavelmente nunca o saberemos. Mas o que sabemos é que a Sra. White cria que quando escrevia um testemunho, Deus estava falando através dela: "Nos tempos antigos, Deus falou por boca dos profetas e apóstolos. Nestes tempos, lhes fala por intermédio dos Testemunhos de seu Espírito."74 Não obstante, em questão de poucos anos, a Sra. White estava considerando o tema sob uma nova luz. A próxima vez que deixou que Deus falasse sobre o tema, escreveu: "Jamais deveis pôr em vossa mesa sequer um pedaço de carne de porco."75O que causou esta dramática mudança de Ellen White sobre a reforma pró saúde? Aprendeu isso estudando a Bíblia? Fora uma visão de Deus? Não exatamente. Os jovens White haviam adoecido de difteria em janeiro de 1863 e nesse tempo os White tiveram a fortuna de encontrar os escritos de um proeminente reformador norteamericano de saúde, Dr. Tiago Jackson. Em meados da década de 1800, a mais destacada institução médica dos Estados Unidos, caraterizada por reformas na dieta e no tratamento dos enfermos, era administrada pelo Dr. Jackson em Dansville, New York. O Dr. Jackson se distinguia por promover uma dieta vegetariana de duas refeições ao dia, "curas de água" (hidroterapia), e um estilo reformado de vestido para mulheres. O neto Arthur White explica a sorte dos White em encontrar o artigo do Dr. Jackson:"Por sorte – na providência de Deus, sem dúvida – havia caído em suas mãos, provavelmente através de um ‘intercâmbio’ de periódicos com o escritório da Review, ou o Yates County Chronicle, de Penn Yan, Nova York, ou algum diário que o citava, um extenso artigo intitulado ‘Difteria, Suas Causas, Seu Tratamento, e Cura.’ Havia sido escrito pelo Dr. Tiago C. Jackson, de Dansville, Nova York."76Tiago ficou tão impressionado, que reimprimiu o artigo de Jackson sobre a difteria na edição da Review and Herald de 17 de fevereiro de 1863. Em junho de 1863, Tiago escreveu ao Dr. Jackson solicitando-lhe alguns de seus livros.

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Aparentemente, Tiago recebeu os livros em algum momento pelo final do verão ou princípios do outono, pois imprimiu um artigo do livro de Jackson Laws of Life na edição do Review and Herald de 27 de outubro.Em agosto de 1864, os White decidiram viajar a Dansville, Nova York, para conhecer o Dr. Jackson. Este foi um passo importante para os White. Quinze anos antes, em 1849, a Sra. White havia assumido uma posição forte contra o uso de médicos por parte do remanescente para seus problemas de saúde: "Se alguém entre vós está enfermo, não desonremos a Deus recorrendo a médicos terrenais, mas recorramos ao Deus de Israel."77 Os tempos, contudo, haviam mudado, e quiçá a declaração de 1849 já não se aplicava aos médicos modernos.Aparentemente, a Sra. White estava impressionada com as reformas que havia presenciado na institução de Dansville, e ela e o Dr. Jackson se tornaram cordiais amigos. Mais tarde, desenvolveu-se uma relação tão estreita que a Sra. White pôde escrever que foi calidamente recebida como convidada quando visitou o lar do Dr. Jackson: "No mesmo dia, vi o Dr. Jackson em seu lar, e amavelmente me concedeu uma entrevista."78O Dr. Jackson realizou um exame físico na Sra. White. Seu diagnóstico concordou com o do seu médico adventista. Ambos diagnosticaram seus problemas médicos incomuns como histeria. (A histeria é um estado médico que começa tipicamente na adolescência ou começo da fase adulta, e que ocorre mais comumente na mulher. Os sintomas dos ataques histéricos incluem alucinações visuais e auditivas, paralisia de grupos musculares, e falta de resposta a estímulos externos. Por via de regra, os ataques histéricos diminuem à medida que o paciente envelhece, e com freqüência cessam pela metade da vida.)Conquanto o Dr. Jackson possa ter atribuído suas visões a alucinações, a maioria dos adventistas cria que as visões procediam diretamente de Deus. É interesante notar que a Sra. White começou a ter visões sobre o tema da saúde durante essa época de sua vida. Quando publicou essas visões sobre saúde, as pessoas que estavam familiarizadas com os escritos do Dr. Jackson ficaram pasmas ao ver que a reforma pró-saúde dela se parecia tanto com os escritos do Dr. Jackson. Surgiram tantas perguntas, que a Sra. White se viu obrigada a responder por meio do periódico da igreja:"Ao apresentar o tema da saúde aos amigos que trabalhavam em Michigan, Nova Inglaterra, e no estado de Nova York, e ao falar contra as drogas e a carne, e a favor da água, o ar puro, e uma dieta adequada, com freqüência comentavam comigo: ‘As opiniões que expressa são muito parecidas com as que os Drs. Trall, Jackson, e outros ensinam em Laws of Life e outras publicações. Acaso leu esse periódico e essas obras?’"Minha resposta era que não, e que não as leria até que houvesse escrito minhas visões por completo, não se desse que se dissesse que eu havia recIbido luz sobre o tema da saúde desses médicos, e não do Senhor."E depois de haver escrito meus seis artigos para How to Live, examinei as várias obras sobre higiene, e me surpreendi em encontrá-las tão em harmonia com o que o Senhor me havia revelado."79Enquanto os membros de igreja estavam ainda discutindo se a Sra. White havia lido Laws of Life antes ou depois de haver publicado seus artigos sobre saúde, a Sra. White decidiu publicar seu primeiro livro sobre a reforma pró-saúde. Mais tarde, esse livro daria lugar a perguntas ainda mais difíceis para a jovem profetisa. O livro, publicado em 1864, se intitulava An Appeal to Mothers: The Great Cause of the Physical, Mental, and Moral Ruin of Children of Our Time [Um Apelo às Mães: A Grande Causa da Ruína Física, Mental, e Moral das Crianças de Nosso Tempo]. Que preciosa luz sobre a reforma pró-saúde havia recIbido a Sra. White de parte de Deus para seu povo especial? O propósito do livro era advertir contra os perigos da masturbação!Seguindo as pisadas do reformador pró-saúde Sylvester Graham, que havia escrito um livro sobre o tema décadas antes, a Sra. White decidiu que os membros de sua igreja necessitavam ser advertidos quanto aos perigos que a masturbação representava para a saúde: "Tendes observado a alarmante mortalidade entre os jovens?" A seguir, passava a explicar como a masturbação estava causando a morte dos jovens.A Sra. White enumera uma longa lista de doenças supostamente causadas pela masturbação. Além da morte e locura, ela menciona a epilepsia, visão diminuída, hemorragia pulmonar, espasmos do coração e pulmões, diabetes, reumatismo, sudorese, tuberculose, asma, e mais de uma dezena de outros males. Ela adverte que "o auto-abuso abre a porta para quase todas as enfermidades das quais sofre a humanidade" e que "o auto-abuso é um caminho seguro para a tumba."80Examinemos uns poucos trechos de seu livro:"Sinto-me alarmada com aquelas crianças . . . que pelo vício solitário estão se arruinando . . . ouvis numerosas queixas de dor de cabeça, catarro, tontura, nervosismo, dor nos ombros e do lado, perda de apetite, dor nas costa e membros. . . e não percebestes ter havido uma deficiência na saúde mental de vossos filhos? . . . A indulgência secreta [masturbação] é, em muitos casos, a única causa real das numerosas queixas da juventude (págs. 11, 13).A condição do mundo é alarmante. Por toda parte que olhemos vemos imbecilidade, nanismo, membros aleijados, cabeças mal formadas e deformidade de toda descrição. . . . Hábitos corrompidos estão dissipando sua energia, e trazendo-lhes enfermidades repugnantes e complicadas. . . As crianças que praticam a auto-indulgência [masturbação] . . . devem pagar a penalidade (pág. 14).A Sra. White então descreve o caso de uma criança de dois anos de idade que sofria de epilepsia e paralisia, cujos problemas supostamente eram causados pela masturbação. Ela escreve: "Por meio do uso vigilante de meios mecânicos para resguardar as mãos e cubrir os genitais, etc., o menino se curou depois de um tempo; agora desfruta de boa saúde." Se estas medidas fossem tomadas hoje em dia pelos encarregados de cuidar da saúde, com toda probabilidade eliminar-se-ia a liberdade, e até poderiam ser encarados por abuso infantil.De acordo com a Sra. White, a masturbação não só causa a morte e uma ampla gama de doenças físicas, mas também problemas de saúde mental: "Com freqüência, a mente fica completamente arruinada, e tem lugar a locura."85 A Sra. White prossegue:"Vi uma jovem num povoado de Massachusetts que se havia tornado idiota por causa da masturbação."86"A autora visitou o Massachusetts State Lunatic Hospital [Hospital Estadual de Massachusetts Para Lunáticos]. . . . Nossa atenção foi de súbito atraída pela aparência peculiarmente desfigurada, selvagem, hostil de um jovem com o olhar virado por sobre os ombros. Impressionada com esse aspecto chocante, inquirimos. . . qual seria a causa de sua insanidade. "Vício solitário", foi a pronta resposta (pág. 4)."87De uma perspectiva médica moderna, as afirmações da Sra. White certamente parecem fora de propósito. As investigações médicas do século vinte têm refutado por completo os antigos mitos de que a masturbação conduz à locura, retarda o crescimento, causa cegueira, etc. As investigações não têm demonstrado nenhum efeito adverso da masturbação nem a curto nem a longo prazo. Os investigadores descobriram que, em média, os que se masturbam não têm maior incidência de enfermidades, problemas de visão, ou locura do que a população em geral. Tampoco encontraram qualquer diferença na longevidade. Mesmo entre médicos adventistas do sétimo dia, agora há uma crença quase universal de que a masturbação não causa as enfermidades mencionadas pela Sra. White. Em 1981, o Dr. Gregory Hunt avaliou as afirmações da Sra. White sobre masturbação:"Qualquer um pode ver que estas enfermidades não são causadas pela masturbação. A tuberculose é causada por um germe, uma bactéria específica. Na realidade, o germe que causa a tuberculose foi descoberto pouco depois destes escritos de Ellen White.... Depois de ler estes sábios conselhos, e dando-me conta de que Ellen White afirmava haver sido inspirada para escrevê-los eu diria que há só uma classe de pessoas que continuará crendo que Ellen White é uma verdadeira profetisa. Esta classe de pessoas só podem ser classificadas como idiotas."Graham advertia que a masturbação podia conduzir à morte:"...em alguns casos, aparecem chagas ulcerosas na cabeça, peito, costas e músculos, e às vezes crescem até converter-se em verdadeiras fístulas, de natureza cancerosa, e continuam, quiçá por anos, supurando grandes quantidades de pus repugnante e fétido; e não poucas vezes terminam em morte."90É muito provável que a Sra. White estivesse familiarizada com os ensinos de Graham. De fato, algumas das reformas pró-saúde da Sra. White se parecem muitíssimo com as reformas de Graham. Em 1849, uns 14 anos antes de que a Sra. White tivesse a primeira visão da reforma pró-saúde, Sylvester Graham expunha seus pontos de vista sobre a reforma pró-saúde em seu livro Lectures on the Science of Human Life [Conferências Sobre a Ciência da Vida Humana]. Eis aqui as reformas que propunha:Evitem-se todos os alimentos estimulantes e artificiais; deve-se viver "inteiramente dos produtos do reino vegetal, assim como a água pura."A manteiga deve ser empregada "mui escassamente."O leite fresco e os ovos eram mal vistos, mas não eram proIbidos.O queijo é permitido somente se for suave e não curado.Os condimentos e as especiarias, como a pimenta, a mostarda, e a canela, são proIbidos por serem "todos altamente excitantes e esgotantes."O chá e o café, bem como o álcool e o tabaco, envenenam o sistema.Os produtos de pastelaria, com exceção das tortas de fruta, contam-se "entre os mais perniciosos artigos que causan aflição aos seres humanos."O sono é preferível antes da meia-noite.O sono deve ser desfrutado num cômodo bem ventilado.Um banho de esponja cada manhã é muito desejável.A roupa não deve ser muito apertada."Todo medicamento, como tal, é mau em si mesmo."91Para os leitores ávidos de Ellen White, as reformas que antecedem soam demasiado familiares. À medida que transcorriam os anos e a ciência médica progredia, as pessoas sem dúvida, começaram a perguntar-se se os conselhos da Sra. White sobre a masturbação procediam de Deus ou de Sylvester Graham. Até Ellen White parece haver deixado de lado o tema mais tarde em sua vida. Apesar de escrever prolificamente sobre o tema no começo de sua carreira, não escreveu uma só palavra sobre o tema nos últimos quarenta anos de sua vida.A maioria dos adventistas de hoje em dia ignora por completo que o livro Appeal to Mothers alguma vez existiu.

Resultado de imagem para ELLEN A PROFETISAEra de se esperar que o primeiro livro de uma profetisa sobre reforma pró-saúde fosse uma obra muito importante para os seus seguidores. Contudo, não foi assim! O livro foi descartado já faz décadas.

Como muitos outros de seus escritos e muitas de suas visões que se demostraram incorretos, este livro simpleSmente desapareceu da vista do público. A diferença do de sua colega, a profetisa Mary Baker Eddy – cujo primeiro livro, Science and Health, publicado em 1875, teve dez milhões de exemplares vendidos – o primeiro livro da Sra. White sobre a reforma pró-saúde foi um fiasco. Esforços posteriores demostrariam ter mais êxito. Com a ajuda de sua equipe de escritores e revisores ela produziu um livro sobre reforma pró-saúde muito melhor, Ministry of Healing, que ainda se acha disponível hoje em dia. Não é nenhuma surpresa que o tema do "auto-abuso" não vem mencionado no livro. Appeal to Mothers pode ter sido o primeiro livro que desapareceu de publicação, mas não haveria de ser o último....


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